A Black Friday depende da otimização do supply chain
- Heitor N Simão Jr
- Oct 21
- 3 min read

No palco do varejo alimentar, a Black Friday é o grande espetáculo do ano. Mas, longe dos holofotes das campanhas e vitrines digitais, o verdadeiro show acontece nos bastidores — onde dados, tecnologia e logística se unem para garantir que cada produto esteja no lugar certo, na hora certa e com o preço certo.
Em um setor em que a ruptura de estoque representa R$ 53 bilhões em perdas anuais (Delaware Brasil, 2024), uma falha na cadeia de suprimentos pode custar muito mais do que uma venda perdida — pode corroer a confiança do consumidor, um ativo cada vez mais difícil de reconquistar.
1. Do estoque à experiência: a jornada começa no dado
O consumidor alimentar é cada vez mais imprevisível. Ele alterna entre canais, compara preços em tempo real e decide suas compras com base em conveniência, propósito e disponibilidade.Por isso, o planejamento da Black Friday começa com uma pergunta essencial: “quanto e onde vamos vender?”
Essa resposta não vem de instinto, mas de inteligência preditiva. O S&OP (Sales and Operations Planning), impulsionado por IA e machine learning, transforma históricos de consumo, sazonalidades e campanhas promocionais em previsões acionáveis. O resultado é uma operação mais sincronizada entre indústria, varejo e marketing — reduzindo rupturas e otimizando o sortimento para o comportamento real do shopper.
2. A fábrica como extensão da loja: agilidade com propósito
No varejo alimentar, previsibilidade é luxo. Produtos perecíveis, prazos curtos e variações de demanda exigem respostas rápidas e planejamento avançado de produção (APS).Esse é o ponto em que a indústria deixa de ser fornecedora e passa a atuar como extensão do varejo, ajustando sua capacidade produtiva e logística ao ritmo do consumo.O equilíbrio entre evitar o excesso de estoque e garantir disponibilidade total é o que diferencia quem apenas vende de quem entrega valor com consistência.
3. Centros de distribuição inteligentes: o novo coração do varejo
O CD deixou de ser apenas um armazém — tornou-se o cérebro operacional do varejo moderno.Com o WMS (Warehouse Management System), o gestor ganha precisão cirúrgica: o sistema organiza o slotting dinâmico, prioriza produtos de alto giro e otimiza o picking por ondas, garantindo que cada caixa percorra o menor caminho possível até o cliente.E no entorno, o YMS (Yard Management System) orquestra o fluxo de caminhões, reduzindo gargalos e tempos de espera — algo essencial quando se fala em volumes de Black Friday.
Em operações omnichannel, onde o mesmo SKU abastece loja física, app e marketplace, a acuracidade do estoque é o elo que garante a experiência integrada que o consumidor espera.
4. A última milha: o momento da verdade
A entrega é o ponto de virada. No varejo alimentar, ela representa o elo mais sensível da jornada: tempo, frescor e confiança.Com o TMS (Transportation Management System), o varejista conecta múltiplas transportadoras, otimiza rotas, monitora performance e reduz custos com combustível e atrasos.Mais que eficiência, isso entrega visibilidade — e visibilidade é experiência. O consumidor que acompanha seu pedido em tempo real sente que a marca está presente até a porta de casa. É tecnologia transformada em relação.
5. O shopper conectado exige um supply conectado
O novo shopper é híbrido: pesquisa online, compra no app e retira na loja. Ele não separa o digital do físico — e também não perdoa rupturas.Para atender a esse consumidor, o varejo precisa de uma cadeia de suprimentos viva, integrada e responsiva, onde ERP, APS, WMS, YMS e TMS funcionam como instrumentos de uma mesma orquestra.
A Black Friday, portanto, não é um evento: é um teste de maturidade operacional. O sucesso não vem de uma grande campanha, mas da harmonia entre dados, processos e pessoas.
Quem conseguir transformar essa sinfonia logística em uma experiência fluida será lembrado — não pelo desconto, mas pela confiança entregue em cada clique.



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